sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Tiros mudos

Tiros mudos
Ela corre e corre.
Evasão de pássaros
O pântano espera-te
A fogueira arde com um crepitar doentio.
Azul bizarro
Estou doente por te conhecer
Vicissitude ocasional.
É aqui que te deixo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De mim para o Mundo

" O mal é dos corpos, que a alma, essa, é perfumada." José Saramago

Teve de ser, apesar de não apreciar nem um pouco o autor, a veracidade da afirmação é inegável.
Desculpem, não consigo parar de criticar o ser humano, ele dá-me razões para isso.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Feliz Natal

Querido Pai Natal,

chegou a altura do ano em que todos te escrevem cartas muito bonitas com a esperança que sejas generoso. Eu não sou a excepção na regra e, assim sendo, também te quero pedir algumas prendinhas.
Na realidade só te vou pedir uma e, uma vez que é para o bem de todos, espero que cedas a este desejo. Desde sempre que te peço paz e alegria mas visto que não atendes a esse tipo de pedidos mudei de estratégia; sim, porque não és só tu que coordenas renas, eu cá também tenho de prestar contas com os meus botões.
Este ano, e juro que se não encontrar nada no sapatinho passo a acreditar que não existes, tenho um pedido urgente e especial. Parece ser tão grandioso e utópico que até sinto uma ligeira vergonha em dizê-lo, mas tem de ser.
Quero então, pedir-te com toda a sinceridade, uns gramas de racionalidade e reflexão. Mais ainda!, este ano vou entender que tens muitos pedidos e vou apenas pedir-te isto para o meu povo, para o meu Portugal pessimista de sempre. Já viste, tão solidária que ando...Costumo pedir para o Mundo todo mas desta vez facilitei-te o trabalho.
Pensa nisto com carinho, não desfaças mais uma vez os sonhos desta pobre criança (e não me digas que já cresci...).
Ah!, e já agora, se não for pedir muito, atribui-me também um bocadinho de credibilidade, não preciso de muita...Só um bocadinho.

Muitos beijinhos da Maria João.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Agora e Sempre

Também eu já soprei com estes lábios gretados pelo respirar bolinhas de sabão, e como era bom poder possuí-las com um simples toque. Estes grandes olhos verdes vão-se tornando cada vez maiores e subo de galho em galho na esperança de alcançar a melhor vista.
São pegadas lamacentas que me interpolam e me fazem apoiar em diamantes fumados pelo teu calor; são canções de embalar que me acordam para esta nova metamorfose. E eu, sempre aconchegada pelo teu bater de asas, vou voando cada vez mais rasteirinha ao chão, para que um dia possa pousar em tudo aquilo que já criei.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

& nós

Existe uma busca constante da luz e da verdade empreendida pela alma. Somos como traças que corroem as memórias até estas se esgotarem e as recordações se perderem num casulo. Somos presas frágeis e tentadoras, de débil estrutura e carácter. Morremos nesta busca por algo mais verdadeiro sem que ainda tenhamos definido o que é a verdade. Mergulhamos num estado de profunda languidez e tornamo-nos moribundos. Somos nós, o bicho mais repugnante à face da terra.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O instantâneo

A espontaneidade e a ligeireza com que tudo acontece é algo que sempre me fascinou. As relações instantâneas e o futuro sempre tão antiquado fazem parte de nós, é impossível rejeitar tal facto. O ser humano necessita dessa efemeridade, necessita de se apaixonar assoladamente e desfrutar desse prazer por segundos. Mas nada mais, porque amanhã novos desejos invadirão a sua alma e esta será novamente consumida pela sua carência afectiva. Diria mesmo que é uma necessidade de consumo, um desejo permanente de criar laços que rapidamente se desvanecem.
Só existe um problema: cativar arrasa com toda a nossa disponibilidade.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Criar

As pessoas não entendem, mas criar algo retira muito de nós; é por isso que me sinto frágil e cansada após tal acto.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Filosofia nº3

O sentimento é tão instantâneo como a nossa existência tão vil.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Untouched dream

Untouched dream.
The sun is passing by
And I can feel it.
Come to me my darkest angel
Your laugh is following me.
I should run,
You should stay.
In this forest your face is just a shade
You can't be afraid!
My arms are too short for you
I can't stay anymore
I just open the door...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A mensagem

Meto a mão no bolso e encontro a tua mensagem: papel asfixiado pela nossa paixão, com a tua letra libertadora, numa simples palavra tão intemporal.
Desenrolo os sentimentos e releio a mensagem. Tantas pessoas que vão e vêm, tantos olhares que se apagam com a falta do teu fôlego... Mas tu não, tu estás sempre pronto, sempre disposto, sempre com o teu alento; é uma verdade incontornável e ninguém o pode negar.
Dobro cuidadosamente a mensagem porque amanhã elá irá para o teu bolso, o sentimento é mútuo, e estou certa que irá fazer muitas mais destas viagens entre o teu sossego e o meu.
Entretanto, fotocopiei este pedaço várias vezes para que numa dessas viagens não sinta (tantas) saudades. Os direitos de autor são todos nossos, garanto-te.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Conhecimentos

Todo o nosso conhecimento tem limites mas a poesia não.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Irei escrever

Esta noite vou escrever. Vou escrever sem fim, toda a noite a fio, só eu e as palavras. Vou escrever sem pontos e vírgulas porque não há necessidade. Vou escrever palavras relutantes, vou preencher linhas com redundâncias. Vou desenvolver a fala, vou treinar a escrita e ainda filosofar sobre o discurso. Vou ocupar vazios com o alfabeto e trocar a ordem natural das frases. Vou soletrar sem medo, sem pressão, sem opressão. Vou utilizar a língua materna e romper a escuridão, iluminar o papel e a caneta e soltar todo o texto. Vou escrever de uma maneira impensável, vou ser resistente e a minha mão calejada não vai querer parar. Vou escrever de tal forma que mais tarde me vou supreender. Vou escrever sem preocupações porque as frases são minhas e toda a composição está em minha posse. Vou escrever sem razão e ocupar a mente de letras e letras infindáveis.
Vou escrever muito, mas ainda não é hoje.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Férias

Vou até à varanda e vejo as cabritas lá na quinta com os pássaros mecânicos no fundo da paisagem. Reencosto-me na cadeira de baloiço e folheio um livro, porque estou de férias e os meus neurónios também. Tento chegar até ao copo de água mais próximo mas a maré está vazia e é então que desisto. Recebo e reenvio algumas mensagens via sms com o típico texto: boas férias ;), não vá eu ficar esquecida das existências.
Com grande dificuldade, movimento a cabeça novamente para a janela e observo pessoas lá em baixo, na rua. Este sol incomoda-me e o seu riso sarcástico também. O lixo telivisivo ocupou todo o caixote e a minha sorte é só conseguir apanhar o 2º e 3º canal. Espremo até à última o meu tédio e corro para o autocarro. A baixa lisboeta está tão cansada de mim como eu dela, mas vale sempre a pena tentar criar alguma empatia.
Reencontro tudo mas não encontro nada. Este novo velho é vazio e não me diz nada. Sou abordada por alguma nostalgia mas logo me apresso a fugir, lamechices agora não, estou de férias. O tejo está maravilhoso nos postais e, agora que os candeeiros se acendem, o sol também. De regresso a casa recebo uma chamada telefónica:"Então Maria tudo bem? Boas férias!"
A sério, esta gente é engraçada.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Maria João

Ela já me cansa, sempre com a sua dupla faceta e o seu duplo pensamento. Sempre tão calculista e ao mesmo tempo tão desnaturada. São dois pólos que se atraem sem nunca antes se terem visto e ainda assim se completam erradamente.
De uma ponta observo a Maria, sempre tão afável e requintada. Como um porto de abrigo sem braços ou um humilde ponto de referência. Ela pensa em acultaramento e geometria e gosta da estética das coisas. O seu interior é profundo, mas não muito fundo pois consigo ouvir todas as palavras que lá caem.
Na outra vertente observo João: frenética tentativa de loucura. Com umas manias obsessivas, uma irritação constante e um pragmatismo insistente. O seu coração é a boca e gosta de usar as palavras. Gosta do nada e pensa em filosofias controversas. Puro excentricismo do ser.

E por fim, ela disse: "És tão imperfeita nessa tua perfeição."

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Infinito

Não são d'oiro,
São douradas.
Não são saudades,
São palavras rebuscadas.

Alma negligente,
Sentimento desmesurado.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Viagens II

(...) Viajei e viajo há vários anos com a minha mãe. Felizmente, desde pequena que absorvo vários aspectos de outras culturas e contemplo museus que não podem integrar o pequenino Portugal; nada mais me poderia ter feito crescer tanto e permitir esta liberdade de pensamento a que estou habituada. As viagens ultrapassam as meras aventuras de mochilas às costas: permitem uma viagem connosco mesmos, com a nossa mente crua e com tantos outros que vamos encontrando e recordando pelas linhas de comboio.
Este ano fiz uma viagem especial, não importa o sítio, porque já nem me recordo do nome das ruas nem de metade da história do capitólio e, lembrar-me do che guevara é a mesma coisa que não sair da calçada lisboeta. Foi diferente, foi diferente por diversas razões. Sinto-me velha e com a mala de viagem excessivamente pesada; foi então a oportunidade por que tanto esperava: reciclei tudo o que me era inútil e enchi aos poucos as mochilas de novos amigos.
Distribui um lápis de cor por cada criança em que me revia; joguei basebol com eles, partilhei colares com elas e no final de tudo, uma foto como recordação. Recordo-me perfeitamente da Elisa que me pediu um "besito" com a sua pureza de criança e, com os seus olhos capazes de abraçar o mundo, me abraçou como se a vida se resumisse ao azul.
O melhor de uma viagem não é trazer souvenirs para aqueles que gostamos (ou pensamos gostar). O melhor de uma viagem é carregar sorrisos na volta e nos re-inventarmos por aquela viagem intíma. (...)


Num jogo de basebol com o Felipe e o Thiago - a sua cor preferida é o azul.


terça-feira, 16 de junho de 2009

People=shit

Tenho um desejo profundo de acabar com a raça humana (e mais não digo).


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Falas

Deixemos de falar sobre o amor, amizade e outros sentimentos singulares. As falinhas mansas são sempre hipócritas e as palavras que nos atacam nunca são bem recebidas. O cuidado com que escolhemos cada letra, o cuidado com que pensamos em cada entoação...é ridículo.
O ser humano está cada vez mais decadente mas não falemos também dele que já cansa. O tempo não é de certeza um bom tema de conversa e se preferem falar da ecologia meus amigos, a paciência está gasta por dircursos feitos.
Falaremos então do nada que ocupa tudo, do cheiro morto que intoxica o vivo, do saber eloquente da loucura, da sabedoria vazia em inteligência. Os ponteiros do relógio marcam o compasso e os ouvidos entrelaçam-se na melodia; os cabelos voam como folhas lisas e as mãos sujas foram agora limpas por terra.
Voltaremos a falar, mas não sobre ti.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Aguardando por Lisboa

Português gentil
Que se entranha fortemente,
Eco mudo
Grito surdo,
Só a palavra
E a tua gente.
Soletro e repito
Todo o processo
Como um ritual:
Procuro o teu encanto
Revelo os meus segredos,
Encontro-te cantando
Dissipando os medos.
Que esta cidade,
Esta cidade irra!,
Esta cidade é Lisboa
Eu e o meu sotaque alfacinha
Tu e a tua pinga boa.
A noite avança
E já sinto a calçada,
Escura e brava
Anunciação do nada.
Retiro me agora
De todos os pensamentos,
Chegou a minha hora
E a sabedoria dos ventos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Ciclos

Cheguei ao ponto de consultar as previsões meteorológicas e de falar da gripe suína como se fosse o apocalipse. A escola retira-me toda a sanidade mental. António Arroio, António Arroio...um mito. Sentir saudades? Só se for dos bancos ao sol e dos pseudo-intervalos. E foi tanto em tão pouco...Deixas marcas a todos os que por ti passam: os pulmões ficam escuros como a noite, os neurónios dos teus passageiros hibernam e ainda assim insistes em dizer "Amo-te."
Ainda não cheguei ao fim, acredito que ainda tenhas mais bugigangas para me encher a mala mas, peço-te por tudo, não me deixes levar só as folhas de rascunhos, deixa-me também levar todos os quadros que pintei.
És sem dúvida um marco na nossa vida (ou será que somos nós na tua?).

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cartas

"O sentimento singelo que se apoderou de mim começa agora a desvanescer-se, não que tenha perdido valor mas talvez esteja escondido timidamente no tempo. Apago lentamente todos os teus gestos e facetas; escondo nos meus olhos os teus traços e impeço racionalmente o teu perfume doce e subtil. Encaro novas realidades, despeço-me de antigos sonhos. Parto lentamente da tua mão para um novo abraço e trato de recortar bem cada memória até desaparecer.
Evito a todo o custo o nosso reencontro e mais ainda: evito até a tua presença na minha alma (que ironia). Enquanto te escrevo esta carta arrumo as tuas notas amorosas deixadas pela manhã; derramo uma ou outra lágrima ao recordar as paredes que trepamos só para poder apreciar o melhor pôr-do-sol, mas nada de especial, acredita. Se conseguir, esta será a última vez que lerás palavras minhas: as novidades saberás pelas tuas fontes (toda a gente tem algumas). E agora, no tom muito tímido e suave com que te disse o primeiro amo-te, digo-te adeus.

Beijinhos."

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Viagens I

03:00h - A criança nasce silenciosamente num escuro pertubador. A mente está reduzida ao pensamento do tempo.
04:27h - A cor outrora amarela ganhou agora encanto, um tom alaranjado intenso e quente: a paixão nasceu.
05:43h - Florescem as primeiras pétalas de um frágil malmequer (que inocência!).
06:00h - A sensação de toque irrequieta a alma que se eleva a um nível posterior de emoções.
07:58h - À primeira brisa a mente retira-se do físico.
08:13h - O relativismo da situação levou a um dramatismo exagerado que se apoderou da alma.
09:00h - A face está repleta de vergonha - prisioneira da liberdade revoltou-se.
10:33h - O caminho cobriu-se de pedras arredondadas para que a passagem não fosse dolorosa.
11:45h - Nunca a saudade esteve tão perto - a presença da ausência saturou os sentimentos.
12:00h - Por agora a viagem é concluída. Prosseguiu apenas o olhar reduzido ao coração.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Deuses e Deuses

O céu anunciava mais uma bela manhã de Domingo e todas elas tinham o seu encanto. Adorava aquele ritual: eram 9h e eu já estava pronta com os meus sapatos mais bonitos e o longo cabelo penteado; as unhas roídas e as sardas características denunciavam a minha atitude e o facto era que eu só aguardava a boleia para a igreja.
Os sinos tocavam às 10h e eu esperava ansiosamente para entrar na festa: era como se naquele instante tudo fosse puro e imaculado e a minha alma se elevasse ao mais alto nível. Todos eram bons, todos desejavam a paz de Cristo enquanto eu entoava as notas de glória. As palavras ditas por aquele Senhor de sandálias e meias soavam-me melhor que hoje as do Aristóteles e, as leituras vindas de um velho livro empoeirado, eram recebidas com alegria.
Hoje cresci, demasiado até. Ao crescer uma enorme quantidade de pecados fica arrecadado e todas as confissões se tornam insuficientes. Hoje percebo que os gestos bondosos não passavam de hipocrisia, que o dinheiro para os pobres empregou-se lindamente numa nova estátua e que para além das portas da igreja ninguém era irmão de ninguém. Não sei que Deus adoravam eles, mas o meu mantém-se inalterado no espírito e muito além da materialização que lhe atribuem.

terça-feira, 31 de março de 2009

Para quando...?

Quando o vazio das palavras é grande o suficiente para esconder os afectos; quando o perigo é iminente e ainda assim passa despercebido; quando a sombra das vozes ecoa fortemente na tua cabeça e teimas em gritar silenciosamente; quando os primeiros raios de sol atingem o seu auge e o cansaço permanece.
Sentimento leviano esse que se aproxima lentamente: tão curto e subtil que o deixas escapar. Estranha forma de agradecer o manto de ternura que te acolhe todas as noites.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ventos

A delicadeza da morte frágil contempla hoje a instabilidade.

sábado, 14 de março de 2009

como o Sol brilha

A ingenuidade aparente que envolvia aquele momento parecia eterna, e por momentos julgaram-se mesmo envoltos numa paixão ardente que somente a eles os cativara. Por instantes tudo fora imaterial e nem o mais simples suspiro destornou tão belos segundos; o céu pintado num azul repleto de suavidade, as folhas agitadas cobertas por raios d'oiro.
A calma com que eram feitos todos os movimentos demonstravam não só a beleza de cada corpo mas também a ternura com que se observavam: como se o amanhã fosse hoje e nada mais pudesse ser tão adorável.
Não se sabe ao certo quanto tempo estiveram naquela veneração mútua, mas há quem acredite que ainda hoje se encontram a trocar olhares repletos de intimidade e desejo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A ti

Desculpa ser tão pouco humana e não estar presente fisicamente, como fazem as pessoas.
Não faz mal, o peso da minha consciência é minímo comparado com os nossos laços.
Melhora rápido, quero que os olhos que me acolhem possam agora ver os meus a proteger-te.

(Obrigada desenho, foste quase tão útil como a escrita).

domingo, 1 de março de 2009

"O Leitor"

Não podia deixar passar ao lado este filme. Não é um filme qualquer, é O Filme. Peço desculpa, pois não é de maneira alguma minha intenção fazer deste blog um cartaz cultural ou um blog publicitário, mas esta película teve de tal forma impacto em mim que não poderia deixar de fazer uma pequena crítica.
Incialmente criei algum preconceito: tantas nomeações, tanta publicidade, deveria ser mais um filme vazio em conteúdo e preenchido em receitas. Mas não, de forma alguma.
Todas as palavras são poucas para o descrever, e não é que ele tenha uma vertente muito filosófica ou histórica; não é que ele seja em tudo original. Talvez seja por isso que muitos dos espectadores no final tenham dito: "esperava mais". Mas lamento meus senhores, não é o tipo de filmes comerciais a que estão habituados.
Encontrei conceitos muito interessantes relacionados com a película, como por exemplo, o tempo, a felicidade, a efemeridade, as paixões e todas as consequências do viver. Para além disso, não podemos deixar de referir o excelente argumento e o contexto histórico e temporal em que todo o filme se encontra.
Uma relação intensa entre o passado e o presente, o amor que se desvanece mas que para sempre marcará, e a capacidade da alma para se libertar, ainda que tardiamente.
O filme da minha vida.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

She

Um vento tardio fez questão de marcar presença naquele final de tarde.O sussuro calmante das folhas, agora cobertas de um verde caprichoso, alimentavam aquela paixão. Tudo era possuído por um encanto primaveril e as cores do céu nunca tinham sido tão suaves e esbeltas. De uma forma simples e sem rodeios, ela estava prestes a chegar.
Prossegui caminho: os prados envoltos numa harmonia cautelosa aguardavam com ternura os meus passos lamacentos; as ramagens cobriam-me de uma luz dócil e gentil. Estava quase lá, quase. Com algum receio e pensamentos dúbios avancei; tinha acabado de chegar: e nunca ela fora tão bela. Estava coberta por um manto mais pesado que o seu próprio corpo e a sua face pálida deixava transparecer todo aquele ser repleto de imaginário. Cedi mais uma vez, e se pudesse...repetia todo o trajecto descalço.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Entendimentos

O ser está demasiado aprisionado ao seu corpo enquanto fisíco, intimamente ligado à sua consistência enquanto matéria; pontos inúteis e desnecessários para a compreensão do espiríto. Tudo aquilo que o atormenta são necessariamente os aspectos em que se concentram a sua incapacidade de imaginar.
A sua existência, tão ela ligada a tecidos, sensações, inteligência e poder, acaba por ser limitada ao ponto de se poder extinguir. A alma? Essa não compreende de maneira alguma a tamanha pequenez deste mundo sensível.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Máscaras

Estamos perante uma sociedade estéril, que cria estereótipos e em nada é original. Uma sociedade que ainda vê adolescentes como seres incoscientes e que tem como objectivo matar a natureza.Não são precisos muitos exemplos, cada um só tem um umbigo e por isso só olha para ele, o pior é quando não têm...Uma comunidade em que o simples é complexo e tudo o que for criativo é insano.
Preconceitos que destroiem o ser ao seu mais alto nível e que nos tornam mais irracionais que os animais. O único interesse verdadeiro que este Homem moderno possui é a riqueza, tudo o resto é acessório.
O que vale é que eu sou adolescente e assim sendo, sengundo eles, sou um ser em metamorfose, um ser que só quer se divertir e que aprende com os seus erros ( e eu a pensar que a vida devia ser levada desta forma...). Que seja então, mas eu sou hábil e não débil e tenho a certeza que vou dar uma linda borboleta.

"I've gotta say what I've gotta say
And then I swear I'll go away
But I can't promise you'll enjoy the noise "

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Letras errantes

Não posso, não quero, não consigo, de maneira alguma caracterizar algo com uma única palavra. As indecisões completam-me todos os dias e as diversas escolhas fazem-me cair numa loucura ávida de sabedoria.
Uma essência jamais poderá ser descrita com um conjunto de letras errante, uma palavra que poderá até não ser digna de tal caracterização. Mas, se essas letras de que vos falo, forem tão fortes quanto o objecto, encontro-me no pleno direito de as adjectivar as vezes que forem precisas. A beleza soante, entoada por uns doces lábios mecanizados, é tão necessária como a pureza da essência.

"A sonoridade de um adjectivo é mais importante que a exactidão de um sistema."
(Eça de Queiroz in Maias)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

D'oiro

Sempre considerei tudo prateado, nunca gostei muito do amarelo que teima em brilhar.
Poli todas as faces possíveis, e insisti em limar todas as arestas para que a peça fosse suficientemente boa para meu consolo. Serrei sempre na vertical, não queria que fosse um objecto barato; perfurei cuidadosamente a chapa de metal para que não se levantassem grandes poeiras; soldei com paciência até ficar laranja mas não em demasia, não podia fundir fosse o que fosse.
Hoje, depois de ter a peça terminada, depois de longos dias afundados em bancadas inseguras, depois de ter as mãos calejadas e o corpo suado, deparo-me com uma inquietante situação: por mais que tente, nenhuma peça estará à altura do meu perfeccionismo.

Stay gold.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Evidências

Deparei-me hoje, talvez ontem ou amanhã, com uma situação interessante: gasto o tempo (se é que existe) à procura de solidificar os argumentos que acho constituintes de bases sólidas; percorro espaços (se é que são reais) procurando estruturar teses inabaláveis por um simples céptico preso à sua matéria enquanto físca; e, depois de verificar que todos os passos que dou são duplamente avaliados (vá-se lá saber por quem ou pelo quê), conclui que de nada me serviriam todas as razões que julgava encontrar e aceitar enquanto verdadeiras.
(...)
Sendo tudo tão abstracto e metafísico porque não definir caminhos segundo o vento, seguindo setas contraditórias, partindo do princípio de que tudo é uma realidade indefinida?
Porque isso posteriormente será uma interrogação evidente da qual não quero ser autora.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Liberdades

Não fazem parte de mim amores efémeros, por isso silenciei em mim todas as palavras.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Filosofia nº 2

Se tudo isto não passa de uma hipótese de sonho não encontro qualquer obstáculo na realidade.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Alma(s)

Oh! alma desonesta
Que te apoderaste da mente,
Oh! sentimento angustiado
Que te manténs indiferente.

Não sei quantas vezes me possuiste
Com esse teu escárnio eloquente.
Não faço ideia das vezes que me perseguiste
Repleto de um desejo ardente.

A loucura dos teus discursos,
A virtude das tuas palavras,
As filosofias a que davas usos
Não passaram de simples acções mascaradas.

Estou certo de que esse teu espírito
Jamais me levará,
Mas o meu maior medo
É se a minha essência algum dia te encontrará.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Cargos e estados

Meio mundo assistiu hoje à tomada de posse de Barack Obama e, considerando que muitos dos que viram este "espectáculo" nem eram americanos, pergunto-me quais as verdadeiras razões para se colarem às televisões. Senhores, as Américas tão distantes, e apesar deste acontecimento poder influenciar a nossa vida nada justifica o desvio de dinheiro que foi, e será, feito.
Oiço constantemente portugueses a queixarem-se: "ahh a vida em Portugal está má"; "enfrentamos uma das maiores crises"; "os preços só sobem e os salários descem"; e como resposta a isto emigram para o estrangeiro, excelente atitude (o país que se afunde sozinho).
Os números (e não só...) confirmam cada vez mais a população envelhecida que possuimos, o número de estrangeiros que acolhemos e a criminalidade que aumenta, questiono também: who cares? A esta hora os deputados estão nos seus casarões e os mais idosos a provocar incêndios com cobertores eléctrios.
Este país de tamanha ignorância dá-se a luxos, a consumismos, a despender economias necessárias em projectos tecnológicos que no fim nem são assim tão úteis; mas no final de contas estamos bem: acompanhamos a União Europeia no avanço, no futuro, e caminhamos também ao lado dos países em desenvolvimento na recessão económica ( e mental...poderei...devo...dizer?).
Mas o pior de tudo nem é a 3ª Guerra Mundial que se aproxima, é mesmo o Portugal mesquinho que planta preconceitos e revoltas. O Portugal de que faço parte.
Interrogo por fim: Sr. Barack Obama, para poder ser presidente da América precisou de:
a) aprender representação e a mentir como ninguém;
b) aprender a usar a retórica para o lado que lhe convém;
c) simplesmente obter um diploma da Universidade Independente, igual ao de Sócrates?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Filosofia nº 1

Se o tempo é curto e a paciência também, o futuro anuncia-se longínquo; porém, e caminhares na direcção contrária, o vento estará a teu favor.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Fragilidades

É a noite que não vem
É a luz confortante que me acolhe.
É o frio citadino
É o amor que não se escolhe.

Calmamente o encontro
E logo de seguida o perco.
Não sei bem até que ponto
Mas a realidade é o meu tormento.

A delicadeza da morte frágil
Contempla hoje a instabilidade,
Um sopro profundo
E rapidamente desaparece na idade.

sábado, 3 de janeiro de 2009

(in)utilidades

Vou esperar que os embondeiros cresçam para que depois possa subir ao topo e observar a minha rosa vagabunda.
Nenhuma erva daninha seria pior que algo útil, por isso vou esperar no tempo inexistente e continuar a acender os candeeiros da rua que me acompanham nesta criação do nada.