terça-feira, 31 de março de 2009

Para quando...?

Quando o vazio das palavras é grande o suficiente para esconder os afectos; quando o perigo é iminente e ainda assim passa despercebido; quando a sombra das vozes ecoa fortemente na tua cabeça e teimas em gritar silenciosamente; quando os primeiros raios de sol atingem o seu auge e o cansaço permanece.
Sentimento leviano esse que se aproxima lentamente: tão curto e subtil que o deixas escapar. Estranha forma de agradecer o manto de ternura que te acolhe todas as noites.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ventos

A delicadeza da morte frágil contempla hoje a instabilidade.

sábado, 14 de março de 2009

como o Sol brilha

A ingenuidade aparente que envolvia aquele momento parecia eterna, e por momentos julgaram-se mesmo envoltos numa paixão ardente que somente a eles os cativara. Por instantes tudo fora imaterial e nem o mais simples suspiro destornou tão belos segundos; o céu pintado num azul repleto de suavidade, as folhas agitadas cobertas por raios d'oiro.
A calma com que eram feitos todos os movimentos demonstravam não só a beleza de cada corpo mas também a ternura com que se observavam: como se o amanhã fosse hoje e nada mais pudesse ser tão adorável.
Não se sabe ao certo quanto tempo estiveram naquela veneração mútua, mas há quem acredite que ainda hoje se encontram a trocar olhares repletos de intimidade e desejo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A ti

Desculpa ser tão pouco humana e não estar presente fisicamente, como fazem as pessoas.
Não faz mal, o peso da minha consciência é minímo comparado com os nossos laços.
Melhora rápido, quero que os olhos que me acolhem possam agora ver os meus a proteger-te.

(Obrigada desenho, foste quase tão útil como a escrita).

domingo, 1 de março de 2009

"O Leitor"

Não podia deixar passar ao lado este filme. Não é um filme qualquer, é O Filme. Peço desculpa, pois não é de maneira alguma minha intenção fazer deste blog um cartaz cultural ou um blog publicitário, mas esta película teve de tal forma impacto em mim que não poderia deixar de fazer uma pequena crítica.
Incialmente criei algum preconceito: tantas nomeações, tanta publicidade, deveria ser mais um filme vazio em conteúdo e preenchido em receitas. Mas não, de forma alguma.
Todas as palavras são poucas para o descrever, e não é que ele tenha uma vertente muito filosófica ou histórica; não é que ele seja em tudo original. Talvez seja por isso que muitos dos espectadores no final tenham dito: "esperava mais". Mas lamento meus senhores, não é o tipo de filmes comerciais a que estão habituados.
Encontrei conceitos muito interessantes relacionados com a película, como por exemplo, o tempo, a felicidade, a efemeridade, as paixões e todas as consequências do viver. Para além disso, não podemos deixar de referir o excelente argumento e o contexto histórico e temporal em que todo o filme se encontra.
Uma relação intensa entre o passado e o presente, o amor que se desvanece mas que para sempre marcará, e a capacidade da alma para se libertar, ainda que tardiamente.
O filme da minha vida.