domingo, 24 de janeiro de 2010

Insónia

Papel amarrotado, palavras vazias, ecos prefurados pela razão. Estrelas cadentes, já não te sinto o cheiro. O meu ser terá sempre um travo a ti, não me foi dada opção de escolha.
Conserto e reparo como posso a nostalgia que me cativa todas as noites. Lentamente, como já eu tinha previsto, tornas-te cada vez mais aliciante e tu sabes como me manter presa às tuas delicadas amarras!
Já não te suporto, cura-me ou mata-me mas não me deixes aqui a morrer de novo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Que eu julgo.

Puro doirado
Dupla linha desfeita
Ser inanimado
Miragem refeita.
Um foi presente
Com olhar ausente
Miradouros inabaláveis
Sempre distantes.
Poesia cruel
Nunca chegas nas tardes de outono,
Pedaço de azul lamacento
Nada serias.
P.S.: Stay gold.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tradições

Pacientemente passo o fio de oiro na fieira e, com ele passam todas as memórias. Revejo cada doirado cabelo meu naquele extenso e delicado fio de oiro. Agora, minuciosamente, estruturo toda a minha alma: são arrecadas repletas de histórias porque também elas arrecadam o peso do tempo. Tento, ainda que sem sucesso, fugir a esta tradição de preencher todo o vazio como um rendilhado, mas as vivências são tantas que enchem todo um coração. Com um sopro, certeiro e profundo, toda a peça é unificada e, estes lábios que sopram com paixão, são lábios que nunca cantam em outro maçarico. É o destino, é o nosso fado, poesia cantada em compassos ardentes que se fazem sentir numa bancada robusta com um eterno travo a português.