terça-feira, 25 de agosto de 2009

Conhecimentos

Todo o nosso conhecimento tem limites mas a poesia não.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Irei escrever

Esta noite vou escrever. Vou escrever sem fim, toda a noite a fio, só eu e as palavras. Vou escrever sem pontos e vírgulas porque não há necessidade. Vou escrever palavras relutantes, vou preencher linhas com redundâncias. Vou desenvolver a fala, vou treinar a escrita e ainda filosofar sobre o discurso. Vou ocupar vazios com o alfabeto e trocar a ordem natural das frases. Vou soletrar sem medo, sem pressão, sem opressão. Vou utilizar a língua materna e romper a escuridão, iluminar o papel e a caneta e soltar todo o texto. Vou escrever de uma maneira impensável, vou ser resistente e a minha mão calejada não vai querer parar. Vou escrever de tal forma que mais tarde me vou supreender. Vou escrever sem preocupações porque as frases são minhas e toda a composição está em minha posse. Vou escrever sem razão e ocupar a mente de letras e letras infindáveis.
Vou escrever muito, mas ainda não é hoje.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Férias

Vou até à varanda e vejo as cabritas lá na quinta com os pássaros mecânicos no fundo da paisagem. Reencosto-me na cadeira de baloiço e folheio um livro, porque estou de férias e os meus neurónios também. Tento chegar até ao copo de água mais próximo mas a maré está vazia e é então que desisto. Recebo e reenvio algumas mensagens via sms com o típico texto: boas férias ;), não vá eu ficar esquecida das existências.
Com grande dificuldade, movimento a cabeça novamente para a janela e observo pessoas lá em baixo, na rua. Este sol incomoda-me e o seu riso sarcástico também. O lixo telivisivo ocupou todo o caixote e a minha sorte é só conseguir apanhar o 2º e 3º canal. Espremo até à última o meu tédio e corro para o autocarro. A baixa lisboeta está tão cansada de mim como eu dela, mas vale sempre a pena tentar criar alguma empatia.
Reencontro tudo mas não encontro nada. Este novo velho é vazio e não me diz nada. Sou abordada por alguma nostalgia mas logo me apresso a fugir, lamechices agora não, estou de férias. O tejo está maravilhoso nos postais e, agora que os candeeiros se acendem, o sol também. De regresso a casa recebo uma chamada telefónica:"Então Maria tudo bem? Boas férias!"
A sério, esta gente é engraçada.