quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cartas

"O sentimento singelo que se apoderou de mim começa agora a desvanescer-se, não que tenha perdido valor mas talvez esteja escondido timidamente no tempo. Apago lentamente todos os teus gestos e facetas; escondo nos meus olhos os teus traços e impeço racionalmente o teu perfume doce e subtil. Encaro novas realidades, despeço-me de antigos sonhos. Parto lentamente da tua mão para um novo abraço e trato de recortar bem cada memória até desaparecer.
Evito a todo o custo o nosso reencontro e mais ainda: evito até a tua presença na minha alma (que ironia). Enquanto te escrevo esta carta arrumo as tuas notas amorosas deixadas pela manhã; derramo uma ou outra lágrima ao recordar as paredes que trepamos só para poder apreciar o melhor pôr-do-sol, mas nada de especial, acredita. Se conseguir, esta será a última vez que lerás palavras minhas: as novidades saberás pelas tuas fontes (toda a gente tem algumas). E agora, no tom muito tímido e suave com que te disse o primeiro amo-te, digo-te adeus.

Beijinhos."

1 comentário:

MC disse...

Estes seus "posts" parece que (já) eram premonitórios...