segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Férias

Vou até à varanda e vejo as cabritas lá na quinta com os pássaros mecânicos no fundo da paisagem. Reencosto-me na cadeira de baloiço e folheio um livro, porque estou de férias e os meus neurónios também. Tento chegar até ao copo de água mais próximo mas a maré está vazia e é então que desisto. Recebo e reenvio algumas mensagens via sms com o típico texto: boas férias ;), não vá eu ficar esquecida das existências.
Com grande dificuldade, movimento a cabeça novamente para a janela e observo pessoas lá em baixo, na rua. Este sol incomoda-me e o seu riso sarcástico também. O lixo telivisivo ocupou todo o caixote e a minha sorte é só conseguir apanhar o 2º e 3º canal. Espremo até à última o meu tédio e corro para o autocarro. A baixa lisboeta está tão cansada de mim como eu dela, mas vale sempre a pena tentar criar alguma empatia.
Reencontro tudo mas não encontro nada. Este novo velho é vazio e não me diz nada. Sou abordada por alguma nostalgia mas logo me apresso a fugir, lamechices agora não, estou de férias. O tejo está maravilhoso nos postais e, agora que os candeeiros se acendem, o sol também. De regresso a casa recebo uma chamada telefónica:"Então Maria tudo bem? Boas férias!"
A sério, esta gente é engraçada.

Sem comentários: