sábado, 22 de novembro de 2008

Vi?

E se de um momento para o outro tudo o que conheces ficasse desconhecido? Se percebesses o quão importante são os teus sentidos e o tão pouco valor que lhes dás? Como se um borboleta ficasse presa no casulo e tu não visses o sol nascer. Como se tudo o que pensaste ver um dia fora irreal e tu nunca te tiveras apercebido disso. Nunca chegámos a ver, nunca.
Julgo ter sido cega a vida toda... Nunca senti verdadeiramente uma gota de chuva na minha face, nunca dei um abraço a pensar que amanhã já poderia não ser o mesmo. E agora que penso nisto tenho medo, tenho muito medo de nunca poder vir a ver. A ti não sei, mas a mim faz toda a diferença. Quero poder olhar profundamente o interior, quero libertar o vazio escuro que preenche os meus olhos. E não vou esperar mais. Vou passar calmamente a mão no rosto daqueles que mais amo e senti-los como nunca os senti. Reconhecer todas as marcas, recordar todas as emoções em "flash backs" que me preenchem a alma.
Talvez um dia veja.

(reflexão depois do filme Ensaio sobre a cegueira, a não perder ;)

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